O escritor Jorge Martins é um obstinado na defesa da leitura como hábito, e do livro como objeto não apenas de transformação, mas de formação no caráter do jovem, que lhe exercita o senso crítico sobre a vida e lhe aponta caminhos longe da marginalidade. Essa virtude reside tanto na sua obra física, nos livros que escreve e que são lidos às pencas no Rio Grande do Sul e fora dele, quanto na atividade desenvolvida de forma direta com seus leitores, em palestras em salas de aulas, em feiras de livros ou nas conversas informais mantidas com estudantes e amigos.
É o que se confirma neste seu novo livro, Transformação, rumo à leitura. Zequinha, menino pobre, morador da periferia de uma grande cidade, exposto à topo tipo de perigos que o mundo contemporâneo lhe impõe, encontra nos livros e na paixão pela leitura o antídoto para enfrentar a realidade hostil que o cerca. É por meio dela, da leitura, que supera as tentações do dinheiro fácil e dos apelos consumistas que incontáveis vidas têm ceifado, ao longo do tempo, em ambientes desamparados como aquele onde vive.
Importante também na obra de Jorge Martins é o valor que ele dá à participação da família no período de formação do jovem, assim como sua integração à atividade escolar. Esse pacto necessário e indispensável na formação humana é aqui representado, principalmente, pela mãe de Zequinha e pela professora Marli, figuras distintas na construção da obra que livra o personagem principal do mundo das drogas e, a partir do amor aos livros, o transforma em um futuro cidadão consciente de seu papel na família e na sociedade.